Dois anos sem Sócrates, o homem que Pelé deveria ter sido

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Cirúrgico. Até a sua partida, eu nunca havia parado para pensar, mas cirúrgico era o adjetivo que melhor se encaixava a esse ícone chamado Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira ou, simplesmente, Doutor Sócrates. Magrão, para os mais íntimos.

Cirúrgico, pois dentro de campo era genial, não por ser o mais habilidoso dos jogadores, mas por ser preciso em seus passes, em seus movimentos, em seus comandos dentro e fora de campo.

Cirúrgico, pois, com suas palavras, ele atingia o âmago das questões fundamentais. Preciso e coerente em seus argumentos. Corajoso e engajado, sobretudo. Ele foi mais que um jogador, ele foi um verdadeiro ser político. Um verdadeiro cidadão. Se dentro de campo fosse brilhante como Pelé, seria o Homem do Século.

Particularmente, sempre sonhei em entrevistá-lo, tomar um vinho, juntamente com Xico Sá, seu “comparsa” nas noitadas lá, que acabou se tornando o meu aqui, nesses últimos dois anos, quando ambos temos tempo.

Gostaria de conversar com ele o que converso com Xico, sobre o rumo do nosso país, além de futilidades masculinas. Mais um sonho impossível. Dói em mim tanto quanto deve ter doído nele não ter vencido uma Copa do Mundo.

Se bem que o próprio Xico me confidenciou uma vez que o Magrão nem ligava pra isso. Havia sido uma derrota como qualquer outra.

Penso, porém, que quisera Pelé, do alto de suas três Copas conquistadas, ser uma referência tão absoluta, diferenciada e irradiante quanto o Doutor Sócrates… Brasileiro… que sorte a nossa!

Chico Xavier dizia morreria num dia em que todo o Brasil estivesse feliz e assim o fez em 30 de Junho de 2002, dia da conquista da Copa do Mundo. Sócrates, se não profetizou, pediu ao(s) ser(es) superior(es): “Quero morrer num Domingo, e com o Corinthians campeão”.

Lembremos dele, então, com felicidade… Pois foi feita a sua vontade, no dia 04 de dezembro de 2011. Dia do “Até logo, Doutor”.

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Santa Cruz: quando o coletivo supera o individual

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O Santa Cruz vence seu primeiro título nacional. Mas essa história poderia não ter um final feliz, se não fosse o técnico Vica.

É importante lembrar: o Santa estava flertando com o rebaixamento, quando era comandado pela dupla Sandro Barbosa/Dênis Marques.

Sim, Sandro Barbosa, mesmo que quisesse, não poderia sacar Dênis Marques da equipe. Já não era bem visto pela torcida, não colocando o ídolo da equipe para jogar, então…

Com a chegada de Vica no Arruda, chegou também a tão importante meritocracia no futebol. Ninguém mais jogaria pelo que fez, mas pelo que demonstrava ser capaz de fazer.

Entre viagens inexplicáveis a Maceió, faltas e atrasos nos treinos e seca de gols, Dênis Marques perdeu espaço. Tentou fazer o mesmo que já havia feito na época de Marcelo Martelotte: queimar o treinador.

Vica, porém, tinha o que Marcelo não possuía na época: coragem para barrar o ídolo e uma opção no banco, André Dias.

O resultado é o que vimos. O Santa subiu de produção, foi líder de sua chave na primeira fase, conseguiu o acesso e o título. Tudo isso focando num futebol coletivo, com ídolos casuais, como Caça-Rato e Dedé, que hoje foi o melhor jogador em campo. Um volante que segurou a onda defensivamente, fez um gol e deu uma assistência.

O segredo do sucesso de Vica é ter percebido que no Santa Cruz nenhum jogador é mais importante do que o grupo, exceto o 12º.

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